quinta-feira, 15 de julho de 2010

Reticências

Quanto Brasil ficou pelo caminho naquela sexta-feira de sol e chuva... Quantos gritos de gol, de Galvão, de “burro” e de “hexacampeão!”. Quantos sorrisos de Kaká, pedaladas de Robinho, petardos de Luís Fabuloso... Quantos dias ainda de julho, quantos milagres de Júlio, desarmes de Lúcio, dons de Juan... Quantas botinadas de Felipe Mello, disparadas de Maicon e dedos cruzados pela volta de Elano...

Quantos brindes à seleção mais linda do mundo, quantos dias para sair mais cedo ou para chegar mais tarde ao trabalho... Quantos beijos, braços, abraços... Quanto sofrimento, quantas alegrias e murros na mesa, socos no peito, chutes no ar...

Quanta Paulista faltou parar, Ipanema a sambar, Pelourinho a batucar... Quanto Oiapoque e quanto Chuí em silêncio fúnebre... Quanta bandeira a tremular, poesia a inspirar e corpos atônitos a transpirar...

Quantos encontros, quanta expectativa, quantas lágrimas boas a derramar... quanto orgulho, quanto pagode, piada, peleja, pirraça, cachaça. Quanta torcida, quanta mandinga.... e quanto canto, quanta bola, quanto bolão... Quanto copo, quanta Copa, quanto mundo...

Quantos palavrões... Quanto “porra”, “caralho”, “putaqueopariu”... Quantos refrões... “é taça na raça, Brasil”. Quantos desabafos, perguntas cretinas, respostas mal-educadas. Quanto Dunga a resmungar, jornalistas a trabalhar... Quanta estrela faltou brilhar, quanta pelota faltou rolar, rojões a estourar, gargantas a berrar, canarinhos a decolar...

Deixemos, pois, de salivar a infinitude das reticências... Elas carregam consigo o gosto amargo do ponto final.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Fraude de polvo Paul é descoberta


Veja toda a verdade sobre como o polvo Paul “antecipou” os classificados e o campeão do Mundial do África do Sul. A Máfia da Loteria é fichinha perto do que você está para descobrir.
Para quem acha que Paul tem algo de especial, leia as próximas linhas e saiba o que há por trás dessa instigante história.
Entenda porque essa história está predestinada a terminar mal para o polvo mais popular do mundo.
Um pouco de Paul
Os polvos têm 3 corações, mas todos eles, inclusive os do Paul, são desprovidos de sentimento, servindo apenas para bombear sangue para os seus tentáculos. Apesar de muito inteligente, como todos os polvos, o Paul não gosta e nem assiste futebol e queria apenas se alimentar bem e por isso escolhia a caixa com o almoço mais saboroso. Paul nasceu na Inglaterra e seu esporte favorito é o cricket, por razões óbvias já que tem vários braços para rebater as bolas com os tacos.

Quem é o vilão
Um bolão do Sea Life, em Oberhausen, Alemanha, definiu a Copa. O verdadeiro “sabedor” dos resultados é o Señor Guillermo, que trabalha no aquário alemão, e é responsável pela alimentação do bichano. Nascido em Madri, em 1945, Guillermo Villa dedica-se a alimentar Paul há dois anos. Sabedor da preferência alimentar do molusco de oito patas, servia dois tipos de comida nas devidas caixas com as bandeiras dos países. A preferida do polvo ele colocava na caixa conforme o seu resultado no bolão. Tudo para desestabilizar as seleções em campo, já que o polvo ganhou projeção e significância mundial.
Vamos aos fatos
Señor Guillermo é torcedor do Real Madrid e revoltado com o futebol apresentado por Kaká e Beckham “eliminou” Brasil e Inglaterra em seus confrontos com Holanda e Alemanha. Lembre que Paul nasceu na terra da rainha e nunca iria trair a realeza, mas, faminto, foi direto para o seu prato preferido, já que na outra caixa não havia comida e sim apenas conchas de mariscos vazias.
Alemanha x Espanha.
Essa partida foi decisiva para o bolão do Señor Guillermo. Contra o país que o adotara, preferiu escolher a sua seleção natal e não teve dúvidas em, mais uma vez, alimentar o seu virgem companheiro com o seu único prazer nessa vida: a comida.
Vida curta ao Polvo Paul

Para quem não sabe, isso nem preciso usar meus poderes de previsão para adivinhar, essa espécie de polvo vive, no máximo, três anos, o que significa que o querido Paul terá mais seis poucos meses de vida.
A boa notícia é que ele pode passar bem, comendo apenas coisa gostosa. Isso claro que se o señor Guillermo não se sentir injustiçado e resolver querer falar tudo o que sabe e ter as glórias pelo triunfo e acabar com a reputação do amigo passageiro.
Tudo o que o grande Paul quer agora é desfrutar dos seus pouco mais de 180 dias de vida para descansar na sua aposentadoria. Mas seus dias de calmaria prometem nunca chegar. Já inventaram várias outras escolhas pra ele. Blackberry x iPhone, Facebook x Twitter, Plastic x Paper e por aí vai…


Nota da redação: outra frente diz que Paul recebeu ameaças e só acertou os palpites para a Espanha ser campeã para não terminar como um Polbo á Feira (Foto - hummmm), prato tradicional da culinária Galícia.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Polvo, periquito e the best

É chegada a hora de conhecer quem sabe mais sobre futebol, eu ou esses animais palpiteiros.

No dia 24 de junho, assim que acabou a primeira fase e se formaram as chaves das oitavas-de-final, eu fiz as minhas análises e publiquei um texto nesse blog com o título "A Copa do Mundo não é de ninguém" (http://cronicasdacopa.blogspot.com/2010/06/copa-do-mundo-nao-e-de-ninguem.html).

Lá explicava que as seleções tradicionais que já haviam levantado a taça não estavam mostrando um bom futebol e que eu acreditava em um campeão inédito na África do Sul. Apostei em uma final Holanda x Espanha, como as minhas seleções favoritas. Acreditava que Gana pudesse surpreender por ter uma chave mais simples, mas ela ficou pelo caminho, até por falta de experiência.

Agora surgem meus concorrentes. O invicto Polvo Paul, da Alemanha; o periquito Mani, de Cingapura; e até um polvo fêmea da Holanda se arriscam em palpites. Eu vou aceitar esse desafio, mas vou além. Vou dar o campeão e acertar o placar da final da Copa: Holanda 1 x 2 Espanha, com o segundo gol do título saindo na prorrogação.

domingo, 4 de julho de 2010

As adversidades de uma Copa

Foi um fim de semana difícil para os sul-americanos... Brasil, Argentina e Paraguai foram eliminados da Copa do Mundo, deixando apenas o Uruguai como nosso representante nas semis.
Todo mundo já sabe, sofri muito mais no sábado do que na sexta. E, acreditem se quiser, sofri muito mais pela derrota do Paraguai do que pela da Argentina.
E por quê? Porque o Paraguai é uma nação pequena que se apresentou grande. Jogou de igual para igual com a Espanha. Aliás, jogou muito melhor que a Espanha. Acreditou incansavelmente, até o último minuto. E se orgulhou do trabalho que apresentou: entre lágrimas e sofrimentos, antes de voltarem para os vestiários, os jogadores aplaudiram sua torcida. Não foram embora antes de agradecer aqueles que acreditaram na equipe, que torceram até o último minuto. Um gesto simples, mas cheio de atitude de campeão. O Paraguai merecia ter passado e mereceu cada aplauso que recebeu, da sua torcida e de todos que acompanharam sua trajetória.
Já a Argentina... ah, a Argentina! Que golpe. Eu já imaginava a derrota, mas a realidade doeu bem mais. A Alemanha mereceu pelo que jogou, por saber aproveitar o erro notado e denunciado há muito tempo e que a Argentina não soube arrumar. Um buraco na defesa é sempre uma oportunidade para um adversário. E quando o adversário é a Alemanha, a oportunidade passa a ser uma grande previsão de tragédia. Mas a Argentina jogou, não tudo o que podia, mas jogou até o último minuto, chutando a gol, correndo atrás. Não esmoreceu nem mesmo depois do quarto gol. E, com o fim do jogo, não deixaram de abraçar os vitoriosos, de chorar sua derrota. Maradona entrou em campo para abraçar e agradecer a cada um dos jogadores. Não importa o quão tosco ele pode ser, mas ele soube valorizar o time.
Na sexta, jogo no meio do expediente, logo, visto em pleno ambiente de trabalho. Foi o melhor jogo da seleção neste mundial. Também acho que foi o maior desafio, pelo peso e qualidade do outro time. E acho que foi a maior demonstração do quanto este time que estava lá não sabe perder, ou aceitar que alguém pode ser melhor. O Brasil jogou bem o suficiente para poder ganhar, mas demonstrou não ter controle emocional nenhum quando não consegue o que quer. O Brasil se permitiu ser provocado. Entrou na briga e perdeu a razão. E quando nada mais poderia ser feito, deu às costas ao público, ao adversário, ao bom senso. Me comoveram as lágrimas do Julio Cesar, assim como me comoveu sua vontade de fazer muito mais do que se esperava de um goleiro, nos minutos finais. Me decepcionaram a arrogância e o orgulho ferido dos demais. Sinto muito, não mereceu meu sofrimento.
Acho que tem lição aos montes para aprender nessas três situações: que é preciso acreditar sempre, que não adianta achar que o jogo está ganho ou que o erro se conserta quando é ignorado. É preciso estar ciente das fragilidades, sejam elas técnicas ou emocionais. Mas, mais importante ainda é saber valorizar as pessoas, no erro ou no acerto. Porque o que resta, no final, é isso: a equipe, quem está junto. E quem de longe também faz parte. Nesse caso, me senti mais paraguaia do que brasileira.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

A maior goleada da Copa

A segurança quase não-ameaçada, mas sempre inabalável de Júlio César. A bravura e, por que não, habilidade de Lúcio – o maior zagueiro do mundo. Juan, que não é dom, mas é garra, disciplina – e até estilo na hora de cabecear para as redes. A eficiência ofensiva de Maicon, gigante, e a evolução em boa hora de Michel Bastos.

A serenidade invejável de Gilberto Silva. A onipresença incansável de Daniel Alves. A ousadia de Ramires, até ele. O pragmatismo de Kaká. A velocidade de Robinho. O oportunismo e a definição de Luis Fabiano.

O Brasil não venceu o Chile por três, mas por onze a zero.

Que venha a Holanda.

Cristiano

A eliminação de Portugal revelou o que qualquer apaixonado por futebol já deveria saber: os números não dizem nada. Lógica? Matemática? Balela. Donos da maior goleada e da defesa menos vazada da competição (junto, até agora, do Uruguai), os lusitanos deixaram a Copa cedo – tarde até demais.

Ficam, dentre outras, duas lições relevantes. Um: Futebol covarde jamais ganhará coisa alguma. Dois: Cristiano não é Ronaldo.