Palpite é igual conselho, todo mundo sempre tem um para dar. Eu, então, nem se fala. Especialmente quando abrem a porta, ou neste caso, o blog, para que eu faça isso.
Eu acho muitas coisas sobre o que vem acontecendo na Copa do Mundo. Para começar, acho que o caminho do Brasil tá mega fácil. Dá pra jogar esse futebol meia boca e chegar na final. Aí, vai ser contar com a sorte, ou bom humor do dia e, pronto! Temos um Brasil campeão de novo. Me condenem o quanto quiserem: não acho que até agora a seleção canarinho fez por merecer. O último jogo até foi quase bom, não fosse a monotonia frente a um Chile que já tinha se entregado no segundo tempo.
Ah, mas você torce para a Argentina. Torço mesmo. E mesmo que não fosse por isso, diria que os jogos da seleção branca e celeste têm sido bem empolgantes, bonitos, daqueles que o Brasil costumava fazer uma época. Mas, mesmo torcendo com todo o meu coração, não acho que a Argentina passa pela Alemanha. Se o forte deste último é o contraataque e o fraco do primeiro é a defesa, acho que essa vai ser uma combinação bem perigosa... Já prevejo um monte de chocolate e um porre para mim no sábado.
Também acho que seria lindo se nas semis estivessem todos os latinos! Para mostrar e provar que somos uma região linda, cheia de beleza e de virtudes! Quem nos conhece, comprova!
Na lista dos "eu acho" ainda tem uma opinião sobre a corrente que diz que a final vai dar Alemanha / Espanha / Holanda, por causa da atual situação econômica e do investimento que iria para lá caso isso acontecesse. Eu acho isso uma puta sacanagem! Ou, como diria a moda atual no Brasil: eu acho uma puta falta de sacanagem.
O que eu acho mesmo é que o jogo final da Copa do Mundo tem que ser um jogão de bola. Afinal, tanto investimento merece um espetáculo único, não acham?
terça-feira, 29 de junho de 2010
domingo, 27 de junho de 2010
Brasil e Portugal
Começo de jogo.
Brasil e Portugal foi assim. Uma página em branco na Copa do Mundo. Um jogo sem futebol tanto quanto uma poesia sem versos. O suposto duelo mais importante do grupo terminou sem gols, sem vibração e sem demonstrar a Portugal o que eles já sabem há 510 anos: que nossas riquezas valem muito mais que as deles.
Tão insípida foi a partida que não inspira ela sequer um título diferente dos nomes anotados no súmula vazia da arbitragem. Brasil e Portugal foi assim.
Brasil e Portugal foi assim. Uma página em branco na Copa do Mundo. Um jogo sem futebol tanto quanto uma poesia sem versos. O suposto duelo mais importante do grupo terminou sem gols, sem vibração e sem demonstrar a Portugal o que eles já sabem há 510 anos: que nossas riquezas valem muito mais que as deles.
Tão insípida foi a partida que não inspira ela sequer um título diferente dos nomes anotados no súmula vazia da arbitragem. Brasil e Portugal foi assim.
Heil, Hitler
Pois é amigos, chegou a hora de dar a cara à tapas.
Depois de assistir, de boca aberta, ao jogo entre Alemanha e Inglaterra, estou convicta de que os pobres comandados de Dunga não levatarão a taça esse ano.
Imaginei Robinho, Elano e Kaká nas chuteiras dos ingleses, levando os dribles bonitos que os alemães deram nos súditos da rainha.
Isso sim, é futebol. Aprenda Dunga!
Tão velozes que meus olhos não acompanhavam. Coitados dos nossos meninos.
Não dá, esse ano não dá. Melhor perder de 1x0 para o Chile que de goleada para os alemães.
E vou além... esse ano a taça vai lá para a terra do Hitler, alguém duvida?
Depois de assistir, de boca aberta, ao jogo entre Alemanha e Inglaterra, estou convicta de que os pobres comandados de Dunga não levatarão a taça esse ano.
Imaginei Robinho, Elano e Kaká nas chuteiras dos ingleses, levando os dribles bonitos que os alemães deram nos súditos da rainha.
Isso sim, é futebol. Aprenda Dunga!
Tão velozes que meus olhos não acompanhavam. Coitados dos nossos meninos.
Não dá, esse ano não dá. Melhor perder de 1x0 para o Chile que de goleada para os alemães.
E vou além... esse ano a taça vai lá para a terra do Hitler, alguém duvida?
sábado, 26 de junho de 2010
Bastidores
Quem já acompanhou os bastidores de alguma coisa sabe que o espetáculo atrás das cortinas muitas vezes é mais interessante que o oficial, que todos assistem. Prova disso é a especulação frequente da imprensa sobre tudo o que não é público e na Copa não podia ser diferente.
Diante de jogos um tanto quanto enfadonhos, as partes mais divertidas têm sido as coletivas dadas pelos jogadores e seus técnicos e as relações imprensa-times, especialmente no caso do Brasil.
Que a atitude do Dunga é grosseira, as evidências não me deixam negar. Mas me faz pensar que ele realmente é um cara de personalidade, porque peitou a Globo na coragem, mesmo depois tendo, possivelmente, levado uma bronca da CBF. A regra de ninguém tem acesso à seleção vale para todos, não importa o tamanho.
Do outro lado, temos o Dom Diego sempre com uma frase de impacto, que pode parecer boba, mas de certa maneira, é uma estratégia inteligente. Toda vez que ele diz que queria ser brasileiro ou que vai correr nu em volta do Obelisco, em Buenos Aires, ele chama a atenção de toda a mídia para ele e tira o foco dos seus pupilos.
Na França, os bastidores esquentaram e não fosse o tema central futebol, toda a trama teria aparecido no TV Fama. Bate-bocas, desertores, expulsos, demitidos, uma greve geral e um monte de conflitos. Tantos que em determinado momento até perderam a graça.
Nos bastidores da Coreia do Norte, a fuga. Ou pelo menos a suspeita dela fez com que jornalistas contassem muitas vezes quantos jogadores estavam no banco. Teriam fugido de fato? Diante da situação do país, eu não duvidaria.
Nos bastidores da seleção do Uruguai, churrasco para comemorar a vitória. Nos da seleção da Inglaterra e dos Estados Unidos, muita segurança e ruídos de ataques terroristas. Nos da seleção Argentina, livros do Eduardo Galeano.
Nos bastidores da TV Globo, um comentarista ridicularizado mundialmente. E uma vontade enorme de destruir a imagem do técnico brasileiro, se é que ele já não anda fazendo isso sozinho.
Enfim. De fato, os bastidores andam bem animados, garantindo as discussões de bar, elevador e café. Um viva para eles!
Diante de jogos um tanto quanto enfadonhos, as partes mais divertidas têm sido as coletivas dadas pelos jogadores e seus técnicos e as relações imprensa-times, especialmente no caso do Brasil.
Que a atitude do Dunga é grosseira, as evidências não me deixam negar. Mas me faz pensar que ele realmente é um cara de personalidade, porque peitou a Globo na coragem, mesmo depois tendo, possivelmente, levado uma bronca da CBF. A regra de ninguém tem acesso à seleção vale para todos, não importa o tamanho.
Do outro lado, temos o Dom Diego sempre com uma frase de impacto, que pode parecer boba, mas de certa maneira, é uma estratégia inteligente. Toda vez que ele diz que queria ser brasileiro ou que vai correr nu em volta do Obelisco, em Buenos Aires, ele chama a atenção de toda a mídia para ele e tira o foco dos seus pupilos.
Na França, os bastidores esquentaram e não fosse o tema central futebol, toda a trama teria aparecido no TV Fama. Bate-bocas, desertores, expulsos, demitidos, uma greve geral e um monte de conflitos. Tantos que em determinado momento até perderam a graça.
Nos bastidores da Coreia do Norte, a fuga. Ou pelo menos a suspeita dela fez com que jornalistas contassem muitas vezes quantos jogadores estavam no banco. Teriam fugido de fato? Diante da situação do país, eu não duvidaria.
Nos bastidores da seleção do Uruguai, churrasco para comemorar a vitória. Nos da seleção da Inglaterra e dos Estados Unidos, muita segurança e ruídos de ataques terroristas. Nos da seleção Argentina, livros do Eduardo Galeano.
Nos bastidores da TV Globo, um comentarista ridicularizado mundialmente. E uma vontade enorme de destruir a imagem do técnico brasileiro, se é que ele já não anda fazendo isso sozinho.
Enfim. De fato, os bastidores andam bem animados, garantindo as discussões de bar, elevador e café. Um viva para eles!
quinta-feira, 24 de junho de 2010
A Copa do Mundo não é de ninguém
Essa Copa está se superando em jogos ruins. As seleções tradicionais não estão empolgando e parece que todo mundo decidiu não perder, o que não necessariamente significa ganhar. Nesse quesito, a Nova Zelândia foi bem, apesar de ter ficado de fora da segunda fase com a invicta campanha de três empates.
Leiam o que está escrito a seguir e depois conversamos: O Mundial da África do Sul tem grande chance de ver um novo campeão, alguém que nunca levantou a taça.
Se der tudo muito certo pras seleções campeãs, teremos, no máximo, três delas entre as quatro semifinalistas, e estou considerando aqui que o Uruguai chega lá.
França e Itália terminaram em último em seus grupos e já deram adeus. Nas oitavas-de-final Alemanha e Inglaterra se enfrentam e uma fica pelo caminho. Quem passar deve pegar a Argentina, ou seja, mais uma campeã de fora. Entre os quatro semifinalistas teríamos essa seleção e mais os campeões Brasil e Uruguai, que correm por fora.
Mas se as coisas não caminham bem para quem já teve o gostinho do título, sobra para quem levantar a taça?
Holanda e Espanha despontam como minhas favoritas. Mas porque não falar em Gana? Sim, o país africano tem uma chave simples e se crescer pode chegar fácil na semifinal (contra Brasil ou Holanda). Daqui são mais duas partidas pro título.
Empates com vitórias nos pênaltis garantiriam a conquista africana.
Se eu fosse o técnico de Gana já começaria a treinar penalidades e se preparar pra jogar na retranca a partir da semifinal.
Esse carinha aí em cima pode ser o melhor jogador da Copa.
Leiam o que está escrito a seguir e depois conversamos: O Mundial da África do Sul tem grande chance de ver um novo campeão, alguém que nunca levantou a taça.
Se der tudo muito certo pras seleções campeãs, teremos, no máximo, três delas entre as quatro semifinalistas, e estou considerando aqui que o Uruguai chega lá.
França e Itália terminaram em último em seus grupos e já deram adeus. Nas oitavas-de-final Alemanha e Inglaterra se enfrentam e uma fica pelo caminho. Quem passar deve pegar a Argentina, ou seja, mais uma campeã de fora. Entre os quatro semifinalistas teríamos essa seleção e mais os campeões Brasil e Uruguai, que correm por fora.
Mas se as coisas não caminham bem para quem já teve o gostinho do título, sobra para quem levantar a taça?
Holanda e Espanha despontam como minhas favoritas. Mas porque não falar em Gana? Sim, o país africano tem uma chave simples e se crescer pode chegar fácil na semifinal (contra Brasil ou Holanda). Daqui são mais duas partidas pro título.
Empates com vitórias nos pênaltis garantiriam a conquista africana.
Se eu fosse o técnico de Gana já começaria a treinar penalidades e se preparar pra jogar na retranca a partir da semifinal.
Esse carinha aí em cima pode ser o melhor jogador da Copa.
Luis XIX, O Fabuloso
[Brasil x Costa do Marfim]
Do peso e ansiedade da estreia sobrou a leveza do futebol implacável. Do jejum alardeado aos quatro ventos e cinco continentes, o silêncio com os seis dedos em riste. O Brasil foi mais Luis Fabiano, Luis Fabiano foi mais Brasil. Do triângulo perfeito, refez-se nosso atalho certeiro para o caminho do gol: Robinho, Kaká e ele, dono da camisa que o maior artilheiro da História das Copas vestia.
Tímido. Inofensivo. Em crise indesculpável a um jogador que se propõe a ser artilheiro. Havia até quem já andasse dizendo “Copa do Mundo? Não é pra ele”. Das críticas fundamentadas e das passionais, das picuinhas para vender notícia e do ufanismo às avessas, ficou a imagem do corpo desajeitado a sair do chão depois de imprimir no pé direito a força de cento e noventa milhões de impacientes. Do petardo cheio de ódio e de amor, restou o arqueiro marfinense a ouvir o barulho da bola quando a bola já havia passado. Eis o gozo reprimido por quinhentos e sessenta e cinco minutos. O desafogo agressivo e sereno, um gol fabiano de Luís Fabuloso. Brasil um a zero.
Será que é pouco pra calar tanta gente? Pois não seja por isso... os olhos arregalados de predador fitam a bola que vem do alto, o corpo de novo desajeitado a domina no braço e o primeiro adversário fica pra trás. O segundo chega manso, só deixa o corpo na frente na vã tentativa de deter o algoz em sua fúria solitária. Chapéu nele. O terceiro africano chega pulando, braços e pernas abertos, mas Luis não o distingue do colega: chapéu nele também. E o primeiro, aquele lá de trás, enciumado, insiste em participar dos retoques finais... atordoado com a chapelaria do canarinho mulato, porém, dá com as ancas no chão e permite que o artista conclua sua obra no contrapé do goleiro (ainda a procurar a bola do primeiro gol). Luis dois a zero.
Opa! Mas vale com a mão também? A autoridade do árbitro se esvai frente à maestria do goleador brasileiro. Numa Copa morna e carente de gols, prioridade ao bom futebol. As regras, só depois – se for o caso. O francês ri, gesticula a questionar – ou admirar? – a marotagem do nosso menino. Suas palavras inaudíveis, se pudessem ser ditas ao mundo inteiro sem a demagogia travestida da ética, seriam bem simples: “A jogava estava tão linda que eu não poderia pará-la”. A História da Arte também depõe em nosso favor: as maiores pinturas de todos os tempos contaram com o auxílio inestimável de quem? Deles, os braços.
Matador. Craque. Herói. Num jogo onde também houve Kaká, Elano, Felipe Mello e o abraço emblemático de Lúcio, Maicon e Júlio César, Luis Fabiano reinou. O Fabuloso despertou e assinou com os pés e os braços, em verde e amarelo, a classificação antecipada para a próxima fase. Que venha Portugal.
Tímido. Inofensivo. Em crise indesculpável a um jogador que se propõe a ser artilheiro. Havia até quem já andasse dizendo “Copa do Mundo? Não é pra ele”. Das críticas fundamentadas e das passionais, das picuinhas para vender notícia e do ufanismo às avessas, ficou a imagem do corpo desajeitado a sair do chão depois de imprimir no pé direito a força de cento e noventa milhões de impacientes. Do petardo cheio de ódio e de amor, restou o arqueiro marfinense a ouvir o barulho da bola quando a bola já havia passado. Eis o gozo reprimido por quinhentos e sessenta e cinco minutos. O desafogo agressivo e sereno, um gol fabiano de Luís Fabuloso. Brasil um a zero.
Será que é pouco pra calar tanta gente? Pois não seja por isso... os olhos arregalados de predador fitam a bola que vem do alto, o corpo de novo desajeitado a domina no braço e o primeiro adversário fica pra trás. O segundo chega manso, só deixa o corpo na frente na vã tentativa de deter o algoz em sua fúria solitária. Chapéu nele. O terceiro africano chega pulando, braços e pernas abertos, mas Luis não o distingue do colega: chapéu nele também. E o primeiro, aquele lá de trás, enciumado, insiste em participar dos retoques finais... atordoado com a chapelaria do canarinho mulato, porém, dá com as ancas no chão e permite que o artista conclua sua obra no contrapé do goleiro (ainda a procurar a bola do primeiro gol). Luis dois a zero.
Opa! Mas vale com a mão também? A autoridade do árbitro se esvai frente à maestria do goleador brasileiro. Numa Copa morna e carente de gols, prioridade ao bom futebol. As regras, só depois – se for o caso. O francês ri, gesticula a questionar – ou admirar? – a marotagem do nosso menino. Suas palavras inaudíveis, se pudessem ser ditas ao mundo inteiro sem a demagogia travestida da ética, seriam bem simples: “A jogava estava tão linda que eu não poderia pará-la”. A História da Arte também depõe em nosso favor: as maiores pinturas de todos os tempos contaram com o auxílio inestimável de quem? Deles, os braços.
Matador. Craque. Herói. Num jogo onde também houve Kaká, Elano, Felipe Mello e o abraço emblemático de Lúcio, Maicon e Júlio César, Luis Fabiano reinou. O Fabuloso despertou e assinou com os pés e os braços, em verde e amarelo, a classificação antecipada para a próxima fase. Que venha Portugal.
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Figurinha carimbada
Justiça seja feita.
Os Estados Unidos mereciam a classificação já que roubaram um gol deles contra a Eslovênia na segunda rodada.
Mas como não faz mal algum sofrer um pouco, foi bom deixar o gol pros minutos finais.
E não é que agora a vida dos caras nem ficou assim tão difícil. É capaz dos gringos chegarem até a semifinal. Olha que a tabela ajuda. Nem precisa jogar muita bola.
terça-feira, 22 de junho de 2010
Comigo ninguém pode
A Globo mandou 231 profissionais para a África do Sul. A Band outros 120. ESPN e SporTV cerca de 60 profissionais, cada. Isso pra ficar só entre as TVs que têm direitos de transmissão.
As rádios são mais modestas, mas portais como o Terra mandaram dezenas de jornalistas para cobrir a primeira Copa do Mundo no continente africano.
Como acontece normalmente, metade dessa gente é para cobrir a seleção brasileira. Mas não é que o Dunga resolveu dificultar a vida dos jornalistas (nem vou entrar no mérito da questão) e agora eles estão tendo que usar a criatividade pra produzir reportagens melhores!?
Para alguma coisa serviu o “Barrados no Baile” do técnico Dunga. Seria tão mais fácil cobrir treino, fazer entrevista com jogadores, especular sobre quem vai jogar, quem não vai, quem tá com machucado...
As rádios são mais modestas, mas portais como o Terra mandaram dezenas de jornalistas para cobrir a primeira Copa do Mundo no continente africano.
Como acontece normalmente, metade dessa gente é para cobrir a seleção brasileira. Mas não é que o Dunga resolveu dificultar a vida dos jornalistas (nem vou entrar no mérito da questão) e agora eles estão tendo que usar a criatividade pra produzir reportagens melhores!?
Para alguma coisa serviu o “Barrados no Baile” do técnico Dunga. Seria tão mais fácil cobrir treino, fazer entrevista com jogadores, especular sobre quem vai jogar, quem não vai, quem tá com machucado...
domingo, 20 de junho de 2010
O amor à Pátria, de chuteiras
Vuvuzelas e bandeiras, por todos os lugares. Esse é o espírito da Copa no Brasil. As vuvuzelas, especialmente, porque viraram moda este ano, só porque deixou de se chamar corneta. Coisa de artista trocar de nome e a fama alcançou mesmo o instrumento. As bandeiras, coisa típica de Copas do Mundo. Todo mundo é mais brasileiro na Copa. Sente mais orgulho. Bate no peito e sabe até cantar o hino nacional.
E o que mais essas pessoas sabem sobre o Brasil? Saberão da nova proposta do Código Florestal, que PERDOA, eternamente, os “pecados” daqueles que desmataram ilegalmente nossas florestas? Sabem que a construção de Belo Monte foi aprovada, mesmo com uma séria de problemas no projeto, inclusive ambientais?
Eu queria saber o que dá orgulho em ser brasileiro, na opinião deste monte de gente. No jornal, o menino de 18 anos diz que sente muito mais orgulho na época da Copa, porque somos melhores que os outros países. o.O
Essa semana, uma pessoa que não lembro o nome, escreveu no twitter que o caso do “cala boca Galvão” é um bom exemplo de que, se os brasileiros se unissem por alguma coisa útil, a gente poderia fazer muita coisa bacana. Pois é.
Mas o que a gente quer é bater no peito e dizer que somos a nação que mais Copas do mundo ganhou. Ok. E o que dá pra fazer com essa sexta estrela? Bom, é melhor eu não dizer o que eu estou pensando.
E o que mais essas pessoas sabem sobre o Brasil? Saberão da nova proposta do Código Florestal, que PERDOA, eternamente, os “pecados” daqueles que desmataram ilegalmente nossas florestas? Sabem que a construção de Belo Monte foi aprovada, mesmo com uma séria de problemas no projeto, inclusive ambientais?
Eu queria saber o que dá orgulho em ser brasileiro, na opinião deste monte de gente. No jornal, o menino de 18 anos diz que sente muito mais orgulho na época da Copa, porque somos melhores que os outros países. o.O
Essa semana, uma pessoa que não lembro o nome, escreveu no twitter que o caso do “cala boca Galvão” é um bom exemplo de que, se os brasileiros se unissem por alguma coisa útil, a gente poderia fazer muita coisa bacana. Pois é.
Mas o que a gente quer é bater no peito e dizer que somos a nação que mais Copas do mundo ganhou. Ok. E o que dá pra fazer com essa sexta estrela? Bom, é melhor eu não dizer o que eu estou pensando.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
A beleza dos sentimentos feios
No começo era um mundo justo e bonito. Os homens eram iguais e respeitavam-se mutuamente. Só havia amor, paz, harmonia e tolerância. A vida correu tranquila no planeta por quase dois milênios. Até que, de 1998 a 2009, a França matou o Brasil em duas Copas e roubou da Irlanda a chance de participar de outra. Tanta violência alegrou o diabo e ele finalmente criou a RAIVA, o ÓDIO e o RANCOR. Veio o ano de 2010 e o México, sob coordenação do próprio capeta, nos apresentou à saborosa VINGANÇA. E a França tomou no %¨$&$¨#!
Não é lindo??
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Do narrador irlandês, logo após o segundo gol do México:
"Vou ter que botar mais uma caixa de cerveja pra gelar."
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Não é lindo??
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Do narrador irlandês, logo após o segundo gol do México:
"Vou ter que botar mais uma caixa de cerveja pra gelar."
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Nunca foi tão bom ver o sofrimento alheio...
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Descoberta
Há uns 8 anos, precisei fazer uma cirurgia de emergência. Por causa dela, tive que passar por uma transfusão de sangue - bastante, já que eu havia perdido muito. Hoje, fiquei pensando que o meu doador - ou doadores - só pode ser argentino! Isso explica tudo!
Explica, inclusive, o fato de eu ter levantado beeem mais cedo hoje, só pra sair de casa mais cedo e poder chegar na região do meu trabalho, bem mais cedo, tudo a tempo de ver o primeiro tempo de Argentina e Coreia do Sul. A princípio acompanhada pelas solidárias amigas @MMMEHH e @Naticerqueira (porque agora todo mundo tem um nome virtual... hahaha), que me deram todo apoio em mais um destes meus momentos tão "peculiares", logo fiquei sozinha, porque as duas tinham reunião às 9h.
O lugar escolhido foi o boteco, beeem boteco, em frente ao prédio onde trabalhamos. Pão na chapa, uma média e nada de vuvuzelas. Só os comentários de três meninas, que iam desde técnicas de futebol até "sucesso de seleção" - comentário beeem feminino.
Minutos depois do apito inicial, estava eu, neste mesmo boteco, ao melhor estilo "suzinha", acompanhada por meia dúzia de homens, sentados em outras mesas, que também estavam vendo o jogo. O garçom, acostumado a ver a gente ali no fim de tarde, quando o trânsito está caótico, acho meio estranho eu sozinha lá, logo cedo. Mas ele entendeu rápido, à medida que minha ansiedade e tensão ficavam mais visíveis, e ao mesmo tempo em que eu esquecia que não estava só.
O mais engraçado foi perceber que mesmo o cara sentado ao meu lado, vestindo uma camiseta do Brasil, estava torcendo para a Argentina. Assim como os outros, que ficavam putos quando um gol era perdido e vibravam com um lance bonito.
Fim do primeiro tempo, que podia ter acabado mais interessante, não fosse aquele furo horroroso na defesa. Enfim, fui pro trabalho, porque afinal de contas, alguém tem que pagar minhas contas e eu não ganho nada a mais para torcer por ninguém, brasileiros ou gringos. O segundo tempo, não vi. Mas fiquei sabendo dos outros dois gols por meio de meus outros amigos, também solidários ao meu vício.
O jogo foi bonito, esses coreanos eram bem mais espertos que os outros (o que rendeu boas piadas no boteco, por sinal) e eu fiquei beeem feliz com o resultado. Mas voltando com o sangue borbulhando de ansiedade depois do primeiro tempo, eu fico pensando: se não foi a transfusão, como é que toda essa paixão veio parar aqui dentro, meu Deus?
Explica, inclusive, o fato de eu ter levantado beeem mais cedo hoje, só pra sair de casa mais cedo e poder chegar na região do meu trabalho, bem mais cedo, tudo a tempo de ver o primeiro tempo de Argentina e Coreia do Sul. A princípio acompanhada pelas solidárias amigas @MMMEHH e @Naticerqueira (porque agora todo mundo tem um nome virtual... hahaha), que me deram todo apoio em mais um destes meus momentos tão "peculiares", logo fiquei sozinha, porque as duas tinham reunião às 9h.
O lugar escolhido foi o boteco, beeem boteco, em frente ao prédio onde trabalhamos. Pão na chapa, uma média e nada de vuvuzelas. Só os comentários de três meninas, que iam desde técnicas de futebol até "sucesso de seleção" - comentário beeem feminino.
Minutos depois do apito inicial, estava eu, neste mesmo boteco, ao melhor estilo "suzinha", acompanhada por meia dúzia de homens, sentados em outras mesas, que também estavam vendo o jogo. O garçom, acostumado a ver a gente ali no fim de tarde, quando o trânsito está caótico, acho meio estranho eu sozinha lá, logo cedo. Mas ele entendeu rápido, à medida que minha ansiedade e tensão ficavam mais visíveis, e ao mesmo tempo em que eu esquecia que não estava só.
O mais engraçado foi perceber que mesmo o cara sentado ao meu lado, vestindo uma camiseta do Brasil, estava torcendo para a Argentina. Assim como os outros, que ficavam putos quando um gol era perdido e vibravam com um lance bonito.
Fim do primeiro tempo, que podia ter acabado mais interessante, não fosse aquele furo horroroso na defesa. Enfim, fui pro trabalho, porque afinal de contas, alguém tem que pagar minhas contas e eu não ganho nada a mais para torcer por ninguém, brasileiros ou gringos. O segundo tempo, não vi. Mas fiquei sabendo dos outros dois gols por meio de meus outros amigos, também solidários ao meu vício.
O jogo foi bonito, esses coreanos eram bem mais espertos que os outros (o que rendeu boas piadas no boteco, por sinal) e eu fiquei beeem feliz com o resultado. Mas voltando com o sangue borbulhando de ansiedade depois do primeiro tempo, eu fico pensando: se não foi a transfusão, como é que toda essa paixão veio parar aqui dentro, meu Deus?
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Dois rostos
Do país mais fechado do mundo não se poderia esperar outro time: fechado, claro. Para a Coréia do Norte, jogar futebol é um detalhe casual. O importante é não deixar o Brasil jogar. A estreia na Copa emociona o atacante asiático, mas as lágrimas de emoção verde-amarelas estão guardadas para mais tarde.
O primeiro tempo do primeiro jogo indica o que jamais admitimos: quando tem seleção brasileira em campo, é difícil que a expectativa não supere a realidade. Cadê o futebol que esperávamos ou desejávamos? Os quarenta e cinco minutos iniciais superam também o brilho do time mais famoso do mundo. Os melhores jogadores do planeta, veja só, até eles se assemelham aos seres humanos de vez em quando: ficam nervosos, ansiosos, impacientes, imperfeitos. Quase anônimos. Cadê o espetáculo da partida mais esperada até aqui?
Metade do jogo já foi. E em time que está... empatando não se mexe. Vamos lá, Brasil, vamos lá que o mundo quase inteiro quer te ver golear. Não adianta. Os norte-coreanos desafiam as regras do esporte bretão e colocam vinte, trinta, quarenta jogadores na linha. Precisamos ser mais rápidos. Ronaldinho Gaúcho ainda é lembrado... Ah, se ele estivesse ali. Mas agora só vale falar de jogador da Copa. Então tá: Felipe Mello inverte o jogo em busca de Elano. Precisamos ser mais rápidos? Em cinco exatos segundos, nosso camisa sete domina o lançamento e passa rasteiro para a linha de fundo, Maicon dispara lá de trás, abre a boca pra ganhar mais fôlego, faz cara feia, alcança a bola, ergue a cabeça, olha pra área e cruza com perfeição para o único ponto do campo onde há menos de cinco coreanos ao mesmo tempo: o fundo do gol.
Eis a hora das lágrimas brasileiras. Sem mais forças para correr, Maicon puxa o freio de mão, beija a aliança, cai de joelhos. Chora. Recebe o abraço de braços recém-libertos do peso pelo gol que não vinha.
O Brasil se solta, mas ainda não brilha. E se faltou Kaká, Luis Fabiano, sobrou Robinho. Ele pedalou, avançou, recuou, buscou, rolou e encontrou; numa fresta diagonal entre quatro muros vermelhos, nem mesmo a Jabulani de trajetória imprevisível ousou desobedecer seus pés. E lá estava de novo Elano para chutar rasteiro, só que dessa vez direto pra rede. Quem foi que disse que os Meninos da Vila não estavam na Copa?
Antes do apito final, os coreanos despistam a fama de retranqueiros e fazem de seu gol contra o Brasil uma derrota a ser comemorada. Do outro lado, a sensação de primeiro dever cumprido, de alívio, mas também de que é preciso melhorar bastante.
Pode não ter havido um jogo bonito, mas não faltou a emoção necessária nos dois instantes capitais que selaram nossa primeira vitória. A expressão chorosa no semblante de Maicon e a alegria no sorriso e nos olhos de Elano, sublimes e genuínas, diziam, afinal, a mesma coisa: o Brasil estreou na Copa do Mundo.
O primeiro tempo do primeiro jogo indica o que jamais admitimos: quando tem seleção brasileira em campo, é difícil que a expectativa não supere a realidade. Cadê o futebol que esperávamos ou desejávamos? Os quarenta e cinco minutos iniciais superam também o brilho do time mais famoso do mundo. Os melhores jogadores do planeta, veja só, até eles se assemelham aos seres humanos de vez em quando: ficam nervosos, ansiosos, impacientes, imperfeitos. Quase anônimos. Cadê o espetáculo da partida mais esperada até aqui?
Metade do jogo já foi. E em time que está... empatando não se mexe. Vamos lá, Brasil, vamos lá que o mundo quase inteiro quer te ver golear. Não adianta. Os norte-coreanos desafiam as regras do esporte bretão e colocam vinte, trinta, quarenta jogadores na linha. Precisamos ser mais rápidos. Ronaldinho Gaúcho ainda é lembrado... Ah, se ele estivesse ali. Mas agora só vale falar de jogador da Copa. Então tá: Felipe Mello inverte o jogo em busca de Elano. Precisamos ser mais rápidos? Em cinco exatos segundos, nosso camisa sete domina o lançamento e passa rasteiro para a linha de fundo, Maicon dispara lá de trás, abre a boca pra ganhar mais fôlego, faz cara feia, alcança a bola, ergue a cabeça, olha pra área e cruza com perfeição para o único ponto do campo onde há menos de cinco coreanos ao mesmo tempo: o fundo do gol.
Eis a hora das lágrimas brasileiras. Sem mais forças para correr, Maicon puxa o freio de mão, beija a aliança, cai de joelhos. Chora. Recebe o abraço de braços recém-libertos do peso pelo gol que não vinha.
O Brasil se solta, mas ainda não brilha. E se faltou Kaká, Luis Fabiano, sobrou Robinho. Ele pedalou, avançou, recuou, buscou, rolou e encontrou; numa fresta diagonal entre quatro muros vermelhos, nem mesmo a Jabulani de trajetória imprevisível ousou desobedecer seus pés. E lá estava de novo Elano para chutar rasteiro, só que dessa vez direto pra rede. Quem foi que disse que os Meninos da Vila não estavam na Copa?
Antes do apito final, os coreanos despistam a fama de retranqueiros e fazem de seu gol contra o Brasil uma derrota a ser comemorada. Do outro lado, a sensação de primeiro dever cumprido, de alívio, mas também de que é preciso melhorar bastante.
Pode não ter havido um jogo bonito, mas não faltou a emoção necessária nos dois instantes capitais que selaram nossa primeira vitória. A expressão chorosa no semblante de Maicon e a alegria no sorriso e nos olhos de Elano, sublimes e genuínas, diziam, afinal, a mesma coisa: o Brasil estreou na Copa do Mundo.
sábado, 12 de junho de 2010
Questão de lealdade
Pois é, começou. E com o pé esquerdo, fazendo cair por terra o pensamento de que é com o direito que começam as boas coisas da vida. Tshabalala (com sua canhota magica) lançou um chute perfeito no ângulo do goleiro mexicano, fazendo os anfitriões serem os primeiros a balançarem as redes. Muito justo.
Justo porque esse povo merece receber o Mundial. Não so pela pobreza que grita por ajuda, não so pelas dificuldades da sua gente, mas porque aqueles que espalham alegria gratuitamente, merecem ganhar sorrisos largos e atenção na mesma medida. A Africa, que ja nos deu tanto, precisa que olhemos mais para ela.
A abertura foi emocionante, com apresentações simples mas cheias de energia. No estadio a torcida fazia o seu espetaculo à parte. Muitas vuvuzelas, caras pintadas e cores, onde o verde e o amarelo predominavam. Felizmente, temos a sorte de dividir com os anfitriões a combinação gritante de cores que estapam as camisas das nossas seleções. As semelhanças não param ai. Não fossem os narradores dizendo que ali era a Africa, eu poderia jurar que as imagens vinham do Brasil, de Salvador talvez. Nossos negros, nossa festa, os batuques e um pouco da miséria no fundo confundem mesmo. Estamos em casa.
Para ser justa, não somos os unicos parecidos com eles, também vejo um pouco da França no pais que recebe esse Mundial - não pelo carisma, claro. A intolerância racial de la também existe aqui, no primeiro mundo. A diferença é que na Africa do Sul esse problema é notoriamente conhecido, amplamente divulgado e talvez por isso, esta caminhando para se resolver. A solução veio ha 16 anos com Mandela e o fim do Apartheid, mas convenhamos que esses poucos anos ainda são suficientes para apagar dores e conflitos de pessoas que viviam sem liberdade, respeito ou tolerância. O tempo faz milagres e nesse caso, o tempo vai precisar de um pouco mais de calma.
Enquanto os africanos parecem estar buscando uma convivência melhor entre brancos e negros, a França segue em caminho oposto, fechando os olhos para o mesmo problema (que não se limita à cor da pele, mas também às origens das pessoas) e rebola para manter firme a aparência de ser um pais onde liberdade, igualdade e fraternidade tem o mesmo peso para todo tipo de gente. Desculpa Rousseau, mas não tem. Quem sabe quando pintar por aqui um Mandela com coragem de tocar na ferida e discutir os tabus?
Mas falemos de futebol, que alias, quase não deu as caras nos 90 minutos do jogo entre França e Uruguai. Melhor assim, zero a zero foi o placar ideal para mim, que jamais poderia torcer para nenhum dos dois times. Pelo Uruguai por causa de 50, quando os malditos levantaram a taça no nosso Maracanã, depois de vencer o Brasil. A maior tragédia da historia do nosso futebol, diria o meu avô. Pela França por causa de 86, 98, 2006 e da mão malandra do Henry que deixou a Irlanda do Thiago e do Ernani fora do Mundial.
Tudo isso pode parecer estupidez aos olhos dos que não se rendem ao futebol. Aqui mesmo na França, pouca importância se da para o (meu) esporte. O torneio de Roland Garros, que dominou os noticiarios nas ultimas semanas, é a prova de que aqui os esportes individuais fazem mais sucesso que os coletivos, tipico deles né? Tai outro motivo para torcer contra os Bleus, isso e as pizzas gratis que meus amigos vão comer na Irlanda. Como eu disse, questão de lealdade.
Onde você estava na Copa de 2002?
O almoço todo girou em volta do assunto. Para uma das meninas, 2002 foi marcante. Para as outras, nem um pouco. Éramos quatro mulheres conversando sobre futebol. Esse é um dos efeitos do Mundial: fazer com que pessoas que nunca falaram sobre o assunto de repente argumentem e tenham muitas opiniões sobre ele. Foi uma sequência divertida de palpites, avaliações críticas das seleções e dos jogadores, das táticas, de tudo.
E a Copa efetivamente está aí. E quem se importa com isso? Muita gente. Bilhões de pessoas, eu diria. Eu, nem tanto. Sou uma das que não lembra o que aconteceu em 2002. Não chego nem a lembrar onde assisti aos jogos. Já estava em São Paulo na época, mas há muito tempo tinha deixado de prestar atenção no futebol. A última vez que torci, para a seleção brasileira, foi nas olimpíadas de 1996, quando o Brasil perdeu para a Nigéria na prorrogação, depois de estar ganhando o jogo inteiro. Já faz mais de 10 anos.
E por que eu estou aqui, então, escrevendo neste blog? Bom, primeiro porque o Thiago me convidou. E eu estava mesmo precisando de um pretexto para colocar os textos em dia. Obviamente, já estava pensando nos textos rabugentos que viriam. E vão vir. Mas, hoje, meu único interesse por futebol se confirmou: a Argentina jogou. E brilhou. E me fez torcer. Sim, isso mesmo: eu torço pela Argentina. Já não é mais segredo. E já estou ciente de todos os ônus disso: a zuação constante, as piadinhas sem graça e tudo que vem junto. Se o Brasil perde, todo mundo chora junto. Se a Argentina perde, todos os meus conhecidos me ligam ou me escrevem.
E o que tem de tão interessante em torcer pela Argentina? A mesma coisa que me faz gostar tanto do país em outros sentidos também: a paixão pulsante nas veias. Ok, brasileiro também tem isso. Mas está nos pés também. Já faz muito tempo que acho que a seleção brasileira joga sério, calculado. Pode ser diferente desta vez. Mas, não tem mais jeito, eu já pendi para o outro lado. E mesmo não gostando do Maradona, é impossível não notar a sua paixão pelo jogo, pela bola. Reveja os tapes de hoje. É dessa paixão que estou falando.
Apesar de eu achar que a Argentina não vai muito longe nesta Copa, estou torcendo por eles. E vou comentar sobre isso. Mas, óbvio, isso não afasta os posts rabugentos. Se não, não seria eu. E aí não teria graça, não é mesmo?
E a Copa efetivamente está aí. E quem se importa com isso? Muita gente. Bilhões de pessoas, eu diria. Eu, nem tanto. Sou uma das que não lembra o que aconteceu em 2002. Não chego nem a lembrar onde assisti aos jogos. Já estava em São Paulo na época, mas há muito tempo tinha deixado de prestar atenção no futebol. A última vez que torci, para a seleção brasileira, foi nas olimpíadas de 1996, quando o Brasil perdeu para a Nigéria na prorrogação, depois de estar ganhando o jogo inteiro. Já faz mais de 10 anos.
E por que eu estou aqui, então, escrevendo neste blog? Bom, primeiro porque o Thiago me convidou. E eu estava mesmo precisando de um pretexto para colocar os textos em dia. Obviamente, já estava pensando nos textos rabugentos que viriam. E vão vir. Mas, hoje, meu único interesse por futebol se confirmou: a Argentina jogou. E brilhou. E me fez torcer. Sim, isso mesmo: eu torço pela Argentina. Já não é mais segredo. E já estou ciente de todos os ônus disso: a zuação constante, as piadinhas sem graça e tudo que vem junto. Se o Brasil perde, todo mundo chora junto. Se a Argentina perde, todos os meus conhecidos me ligam ou me escrevem.
E o que tem de tão interessante em torcer pela Argentina? A mesma coisa que me faz gostar tanto do país em outros sentidos também: a paixão pulsante nas veias. Ok, brasileiro também tem isso. Mas está nos pés também. Já faz muito tempo que acho que a seleção brasileira joga sério, calculado. Pode ser diferente desta vez. Mas, não tem mais jeito, eu já pendi para o outro lado. E mesmo não gostando do Maradona, é impossível não notar a sua paixão pelo jogo, pela bola. Reveja os tapes de hoje. É dessa paixão que estou falando.
Apesar de eu achar que a Argentina não vai muito longe nesta Copa, estou torcendo por eles. E vou comentar sobre isso. Mas, óbvio, isso não afasta os posts rabugentos. Se não, não seria eu. E aí não teria graça, não é mesmo?
Maior que o futebol
Há alguns meses meu amigo Niall me convidou para uma sessão de leitura de poesias na Trinity College, a universidade mais tradicional da ilha. À frente de um auditório com aproximadamente 50 pessoas, um ótimo poeta inglês nos fazia rir e emocinar com seus escritos. Logo após a sessão, foi a minha vez de convidar o Niall para uma cerveja em um tradicional pub irlandês. Ele, que nasceu aqui, ainda não conhecia o lugar e ficou feliz com a atmosfera jovial e descontraída. Enquanto tomávamos nossa primeira pint, meu amigo, notando os olhares de quase todos os frequentadores do bar grudados na tv que passava um jogo de futebol da Liga dos Campeões, desabafou: "Algumas coisas são mesmo grandiosas. Nós acabamos de sair de casa, junto com outras 50 pessoas, para assistir a um homem lendo seus poemas. Isso é muito gratificante para ele. Mas quando você pensa em música ou futebol, as coisas tomam outras proporções. Pense, por exemplo, em como seria ter escrito a canção 'Imagine' no lugar de John Lennon. O mundo inteiro cantando algumas frases escritas por vc. É genial. E esses jogadores, então? Eles nem sabem que a maioria de nós existe e cá estamos, assim como tantos outros ao redor do planeta, sem piscar para acompanhar cada movimento de suas pernas. Nenhum homem é maior do que o futebol."
É impossível calcular o número exato, mas conta-se aos bilhões o número de pessoas que parou ontem para acompanhar o jogo de abertura da Copa do Mundo. Jogadores da África do Sul e do México se preparavam para começar o espetáculo, mas a grande notícia do dia era justamente sobre alguém que não estava em campo. A ausência de Nelson Mandela foi sentida pelos atletas, pelos torcedores e por toda a nação sul-africana. Mais do que isso, foi sentida em todo mundo. Infelizmente, o grande líder, talvez um dos últimos verdadeiros heróis da humanidade, não foi notícia por um bom motivo. A morte da bisneta em um trágico acidente de carro tirou dele a oportunidade de festejar seu país sendo o centro do mundo, e tirou do mundo a chance de ver no centro do show um homem que conseguiu ser maior do que o próprio futebol.
É bom saber que, para driblar a obviedade da torcida, as manjadas análises táticas, os esperados e às vezes ausentes gols e até o já surrado tema da vuvuzela, existe um homem, um mito, chamado Nelson Mandela.
(esse post foi escrito para o novíssimo blog Crônicas da Copa - idéia do Thiaguinho que reúne, além do próprio, o Helinho, a Mirelle, esse humilde blogueiro aqui e talvez mais alguém que eu ainda não sei. Se alguém quiser participar, é só dar um alô e será incluído como autor. A idéia é não encher o saco dos leitores dos nossos blogs tradicionais com o assunto futebol durante um mês inteiro. Quesito no qual, como se pode ver, eu já falhei.)
É impossível calcular o número exato, mas conta-se aos bilhões o número de pessoas que parou ontem para acompanhar o jogo de abertura da Copa do Mundo. Jogadores da África do Sul e do México se preparavam para começar o espetáculo, mas a grande notícia do dia era justamente sobre alguém que não estava em campo. A ausência de Nelson Mandela foi sentida pelos atletas, pelos torcedores e por toda a nação sul-africana. Mais do que isso, foi sentida em todo mundo. Infelizmente, o grande líder, talvez um dos últimos verdadeiros heróis da humanidade, não foi notícia por um bom motivo. A morte da bisneta em um trágico acidente de carro tirou dele a oportunidade de festejar seu país sendo o centro do mundo, e tirou do mundo a chance de ver no centro do show um homem que conseguiu ser maior do que o próprio futebol.
É bom saber que, para driblar a obviedade da torcida, as manjadas análises táticas, os esperados e às vezes ausentes gols e até o já surrado tema da vuvuzela, existe um homem, um mito, chamado Nelson Mandela.
Keep fighting, Madiba
(esse post foi escrito para o novíssimo blog Crônicas da Copa - idéia do Thiaguinho que reúne, além do próprio, o Helinho, a Mirelle, esse humilde blogueiro aqui e talvez mais alguém que eu ainda não sei. Se alguém quiser participar, é só dar um alô e será incluído como autor. A idéia é não encher o saco dos leitores dos nossos blogs tradicionais com o assunto futebol durante um mês inteiro. Quesito no qual, como se pode ver, eu já falhei.)
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Irlanda, 11 de junho
Era muito mais do que uma vaga na Copa do Mundo. Tratava-se de eliminar o adversário mais forte da repescagem nas Eliminatórias – e fora de casa, no glorioso estádio onde a seleção da França sagrara-se campeã frente ao Brasil, onze anos antes. Tratava-se do presente ao povo depois de um ano de recessão que apavorou a nação irlandesa. Da coroação de jogadores limitados, mas aguerridos – depois de uma espera de bem mais do que quatro anos. Tratava-se do impossível, em resumo; daquilo que ninguém senão os fanáticos supunha ser palpável.
Os “Garotos de Verde”, no entanto, contrariaram a lógica e estiveram a literalmente um palmo da classificação heróica. Não no meio, mas no fim do caminho, contudo, havia a mão de Henry. Ela, de uso restrito aos goleiros, mas muito mais famosa no imaginário da bola por causa de Maradona, recolocou os pés da Irlanda no chão. A mão de Henry separou a glória do desconsolo.
Neste 11 de junho em que trinta e duas nações amanheceram mais vivas nas cores de seus estandartes, a Irlanda amanheceu de novo cinzenta. Sem quaisquer rabiscos em verde e laranja nas ruas ou nos rostos de uma população já desacostumada a vibrar por uma Copa do Mundo. O esforço dos lábios em repetir “são coisas do futebol” completa desde o injusto revés contra a França o disfarce de um semblante resignado. Verdade é que a mão de Henry deu um tapa na cara do sonho irlandês.
Neste 11 de junho, o comércio funcionou normalmente. As crianças foram à escola. Ninguém acordou mais tarde, ninguém saiu mais cedo. O suplemento esportivo dos jornalões não trouxe uma exclusiva com o camisa 10, nem os tablóides estamparam manchetes eufóricas. Os carros seguiram em marcha fúnebre e poluente o caminho da rotina diária, sem buzinaço ou bandeirinhas tremulando do lado de fora. O Uruguai não foi um adversário, mas o possível justiceiro de uma nação recalcada.
Que triste foi o dia dos irlandeses, assistindo a toda emoção de seus imigrantes e pensando na Copa que poderia ter sido e não foi.
Os “Garotos de Verde”, no entanto, contrariaram a lógica e estiveram a literalmente um palmo da classificação heróica. Não no meio, mas no fim do caminho, contudo, havia a mão de Henry. Ela, de uso restrito aos goleiros, mas muito mais famosa no imaginário da bola por causa de Maradona, recolocou os pés da Irlanda no chão. A mão de Henry separou a glória do desconsolo.
Neste 11 de junho em que trinta e duas nações amanheceram mais vivas nas cores de seus estandartes, a Irlanda amanheceu de novo cinzenta. Sem quaisquer rabiscos em verde e laranja nas ruas ou nos rostos de uma população já desacostumada a vibrar por uma Copa do Mundo. O esforço dos lábios em repetir “são coisas do futebol” completa desde o injusto revés contra a França o disfarce de um semblante resignado. Verdade é que a mão de Henry deu um tapa na cara do sonho irlandês.
Neste 11 de junho, o comércio funcionou normalmente. As crianças foram à escola. Ninguém acordou mais tarde, ninguém saiu mais cedo. O suplemento esportivo dos jornalões não trouxe uma exclusiva com o camisa 10, nem os tablóides estamparam manchetes eufóricas. Os carros seguiram em marcha fúnebre e poluente o caminho da rotina diária, sem buzinaço ou bandeirinhas tremulando do lado de fora. O Uruguai não foi um adversário, mas o possível justiceiro de uma nação recalcada.
Que triste foi o dia dos irlandeses, assistindo a toda emoção de seus imigrantes e pensando na Copa que poderia ter sido e não foi.
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