Era muito mais do que uma vaga na Copa do Mundo. Tratava-se de eliminar o adversário mais forte da repescagem nas Eliminatórias – e fora de casa, no glorioso estádio onde a seleção da França sagrara-se campeã frente ao Brasil, onze anos antes. Tratava-se do presente ao povo depois de um ano de recessão que apavorou a nação irlandesa. Da coroação de jogadores limitados, mas aguerridos – depois de uma espera de bem mais do que quatro anos. Tratava-se do impossível, em resumo; daquilo que ninguém senão os fanáticos supunha ser palpável.
Os “Garotos de Verde”, no entanto, contrariaram a lógica e estiveram a literalmente um palmo da classificação heróica. Não no meio, mas no fim do caminho, contudo, havia a mão de Henry. Ela, de uso restrito aos goleiros, mas muito mais famosa no imaginário da bola por causa de Maradona, recolocou os pés da Irlanda no chão. A mão de Henry separou a glória do desconsolo.
Neste 11 de junho em que trinta e duas nações amanheceram mais vivas nas cores de seus estandartes, a Irlanda amanheceu de novo cinzenta. Sem quaisquer rabiscos em verde e laranja nas ruas ou nos rostos de uma população já desacostumada a vibrar por uma Copa do Mundo. O esforço dos lábios em repetir “são coisas do futebol” completa desde o injusto revés contra a França o disfarce de um semblante resignado. Verdade é que a mão de Henry deu um tapa na cara do sonho irlandês.
Neste 11 de junho, o comércio funcionou normalmente. As crianças foram à escola. Ninguém acordou mais tarde, ninguém saiu mais cedo. O suplemento esportivo dos jornalões não trouxe uma exclusiva com o camisa 10, nem os tablóides estamparam manchetes eufóricas. Os carros seguiram em marcha fúnebre e poluente o caminho da rotina diária, sem buzinaço ou bandeirinhas tremulando do lado de fora. O Uruguai não foi um adversário, mas o possível justiceiro de uma nação recalcada.
Que triste foi o dia dos irlandeses, assistindo a toda emoção de seus imigrantes e pensando na Copa que poderia ter sido e não foi.
Os “Garotos de Verde”, no entanto, contrariaram a lógica e estiveram a literalmente um palmo da classificação heróica. Não no meio, mas no fim do caminho, contudo, havia a mão de Henry. Ela, de uso restrito aos goleiros, mas muito mais famosa no imaginário da bola por causa de Maradona, recolocou os pés da Irlanda no chão. A mão de Henry separou a glória do desconsolo.
Neste 11 de junho em que trinta e duas nações amanheceram mais vivas nas cores de seus estandartes, a Irlanda amanheceu de novo cinzenta. Sem quaisquer rabiscos em verde e laranja nas ruas ou nos rostos de uma população já desacostumada a vibrar por uma Copa do Mundo. O esforço dos lábios em repetir “são coisas do futebol” completa desde o injusto revés contra a França o disfarce de um semblante resignado. Verdade é que a mão de Henry deu um tapa na cara do sonho irlandês.
Neste 11 de junho, o comércio funcionou normalmente. As crianças foram à escola. Ninguém acordou mais tarde, ninguém saiu mais cedo. O suplemento esportivo dos jornalões não trouxe uma exclusiva com o camisa 10, nem os tablóides estamparam manchetes eufóricas. Os carros seguiram em marcha fúnebre e poluente o caminho da rotina diária, sem buzinaço ou bandeirinhas tremulando do lado de fora. O Uruguai não foi um adversário, mas o possível justiceiro de uma nação recalcada.
Que triste foi o dia dos irlandeses, assistindo a toda emoção de seus imigrantes e pensando na Copa que poderia ter sido e não foi.
Uau, adorei o texto! Compartilho com irlandenses e brasileiros o odio pela seleçao francesa, embora a patria deles hoje me acolha c tanto respeito. Nao da. Por 98, por 2006, pela mao do Henry. Simplesmente nao da. Hj fui Uruguai desde criancinha e, para odio dos meus vizinhos, gritei todas as vezes que a bola passou proxima da rede. Quem sabe em 2014 ne?
ResponderExcluirBicho... e nós perdemos a chance de ter dois times numa mesma copa. Só bebendo pra esquecer...
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